Vamos para a segunda postagem da série sobre as montanhas da Serra do Ibitiraquire, não irei fazer a trilha de todos os picos, apenas o principais que são: Camapuã, Tucum, Siririca, Itapiroca, Caratuva, Taipabuçu, Ferraria e finalmente o grande Pico Paraná.
Irei fazer os trekking nesta ordem que citei acima, a trilha para o Camapuã, Tucum e Siririca se faz pela chácara Bolinha, já a trilhas para Itapiroca, Caratuva, Taipabuçu, Ferraria e Pico Paraná vou fazer pela Fazenda Pico Paraná.
Vamos iniciar o assunto sobre a trilha que a galera mais fala que é difícil de todos os picos da Serra do mar..
Bem, só pra adiantar, o tempo médio desta trilha são de 8 horas, eu levei 10 horas para atingir o cume com uma cargueira de 18 Kg, já estou falando isso de início pra você ter base do quão é complicada fazer essa trilha.
O inicio desta trilha se faz pela chácara Bolinha, a taxa de entrada custa R$15,00 reais com o estacionamento incluso, os 30 primeiros minutos após sair da base, você caminha por uma trilha coberta por floresta e você cruza por diversas vezes um rio, por esse motivo a trilha fica muito refrescante, essa trecho é bem tranquilo fazer, e inicie a trilha sempre lentamente pra esquentar o corpo.
E observe bem esse trecho, é muito bonito, um dos mais bonitos que tem aqui na serra do Mar, existem algumas árvores gigantes e lindas no decorrer da trilha.
Por volta de 1 hora, 1 hora e meia de caminhada você irá encontrar a encruzilhada onde ficam as clássicas placas de sinalização das trilhas, nesta trilhas você tem os seguintes picos para fazer:
Camapuã 1706m (1h)
Tucum 1720m (1h30)
Cerro Verde 1720 (3h)
Siririca 1760m (6h)
Agudo da Cotia 1464 (9h)
Pedra Branca 1388m (2h)
Hoje vamos seguir em frente para a trilha do Siririca.
E já vou falar antes de tudo sobre o nome peculiar “Siririca” ou também escrito como “Ciririca” essa história do nome é polêmica rendendo grandes discussões em grupos de trilhas, eu estou escrevendo Siririca som S pela referência do que está escrito na Placa de sinalização, mas vou deixar os dois argumentos dos nomes aqui abaixo…
Siririca com "S"
Texto: JulioCesar Fiori
Ilustração: Henrique Vitamina Schmidlin
“Reinhard Maack após identificar o Pico do Paraná em 1940 deu nome a todas as montanhas da Serra do Ibitiraquire homenageando personalidades da história. Batizou o Siririca de Alto de Ulrich Schmidel, o primeiro alemão a cruzar o território paranaense, depois de informado sobre as leis brasileiras mudou os nomes para vocábulos indígenas como Siririca com “S” por significar “A MORADA DO SIRI”. No mundo existem algumas espécies de siris terrestres, mas nenhuma foi ainda encontrada no Brasil.”
Eu não conheço o autor do texto, ví essa postagem em um grupo de trilhas do Paraná do Facebook.
Ciririca com "C"
Segundo algumas pessoas, quando Maack batizou essa montanha ele já escreveu com C, e existem algumas imagens antigas que mostram que a grafia era escrita com “C” em 1941.
Abaixo vou deixar o texto e o print da postagem deste argumento para todos lerem.
“CIRIRICA ou SIRIRICA?
Texto: Giancarlo Stahlke
Frequento nossa serra desde 1991, e desde sempre, na minha vida foi CIRIRICA.
Mais recentemente tenho visto algumas pessoas publicando em grupos de montanhismo o nome da montanha CIRIRICA escrito errado, escrevem SIRIRICA, isto também porque no cruzo na trilha alguém colocou uma placa escrito assim com S.
Me informei com amigos mais velhos de montanha e muito mais conhecedores do que eu e me confirmaram que é com CCCCCC, então também busquei na imagem do panorama da serra do mar feito por Reinhard Maack de 1946, e também por outra imagem feita pelo Vitamina em 1985 para o Jantar da montanha e também de outro amigo Farofa para o jantar da montanha em 2011, e também em cartaz feito e dado no Jantar da Montanha há alguns anos, onde em todos está claro CCCCCCiririca com CCCCCCCC.
Existe farta oferta de mapas onde os montanhistas sempre se referiram a esta montanha como CCCCCiririca.
Os defensores do S, buscam uma justificativa na lingua Tupi, eu procurei também em alguns dicionários Tupi Guarani, e não existe especificamente nenhuma destas palavras neles, ao menos nos 4 que pesquisei não existe a palavra Siririca nem Ciririca, existe apenas o palavra Siri, que é uma montanha menor ao lado do Ciririca.Outra evidência é esta publicação de 2015
Eu prefiro seguir Vitamina, Farofa, e Maack que há mais de 75 anos fez o estudo das altitudes das montanhas e foi o maior conhecedor da serra da sua época.”
Bem, minha postagem não é uma afronta aos autores do texto de maneira alguma, apenas deixar aqui registrado o que achei sobre a origem do nome desta Montanha, eu particularmente gosto da ideia do Siririca com S pelo fato referente a Siri, pois se você olhar essa montanha ela parece sim um formato de Siri, pelo menos na minha cabeça maluca haha, o que pode ser apenas uma sugestão da mente… mas eu fiz uma montagem do que eu vejo quando olho esse pico.
Bem, de fato sobre esse nome ter origem indígena etc.. não achei também referência sobre isso, em minha humilde opinião, nenhum dos argumentos tem uma prova da grafia, com C tem mais peso de argumento pelas inscrições datadas antigas, mas vou seguir escrevendo com “S” pelo único fato de que na placa está escrito com S.. se um dia alguém mudar lá na placa pra C, eu mudo aqui também haha
Vamos seguir pra trilha.
Após cruzar as placas, vamos iniciar nossa longa trilha, deste ponto, a média para chegar até o cume é de 6 horas.
Iniciamos uma descida moderada por uma hora por baixo da mata, existem vários pontos de riacho neste trecho, não existem nenhum tipo de desafio de grampo ou corda neste trecho, ao chegar no final da descida, você cruza o riacho onde tem uma pequena cachoeira, e logo inicia uma nova subida.
Iniciada a subida do segundo morro desta trilha, vamos ter alguns pontos mais íngreme agora, mas também não existem nenhum tipo de desafio complicado, apenas degraus de raizes, ao terminar de subir esse trecho que leva 1 hora em média, você vai chegar ao cume deste morro, um pequeno local fechado pela mata mas com um pequeno refúgio, aqui é um ótimo local pra descansar.
Vou deixar abaixo uma imagem do Google Earth para vocês terem uma ideia do trajeto da trilha.
Repara que saindo da chácara, a gente sobe em uma inclinação leve até as placas, neste ponto chegamos ao ponto alto deste morro, passando esse cruzamento, vamos iniciar uma descida, dai subimos novamente até o refúgio que comentei a pouco, logo iniciamos a descida e aí sim. iremos começar a subir a base do Siririca.
Essa trilha precisa de muita paciência, pois existem vários sobe e desce, e por conta disso você não ganha altitude, 85% da trilha não tem nada de difícil, apenas caminhada, sobe, desde e degraus de raizes… subindo esse trecho agora, apesar de estar subindo, ainda sem você desde alguns trechos, após caminhas umas 2 horas você encontra uma pequena rampa e logo o cenário muda, agora, saímos da mata fechada e iniciamos uma subida em campo aberto.
Quando eu cheguei a este ponto eu pensei que iria até o cume em descampado, porém estava enganado, subi uns 15 minutos e a trilha levou para dentro da mata novamente, e novidade, mais descida e subida..
Após caminhar mais uns 25minutos saímos novamente da mata, e agora por definitivo, e neste ponto a trilha deixa de ser fácil e se torne bem perigosa, pois chegamos em uma rampa íngreme que não tem muitos pontos pra se segurar.
Esse trecho é o único de desafio, as duas cordas que estão ancoradas nessa rampa aparentemente não foram colocadas “oficialmente” pois são cordas que não são próprias pra isso, alguém muito gente boa e disposto a ajudar que colocou elas ali, e agradeço a quem fez isso, pois facilita muito mesmo.
Aqui vá com bastante cuidado, pois esse trecho é íngreme e não tem muitos pontos pra se agarrar, ainda mais se você estiver pesado como eu estava.
Após passar esse trecho que é o mais difícil de toda trilha, agora, vamos subir bastante em descampado até um a crista do Siririca, neste ponto você já tem uma vista linda do Pico Paraná, continuando por essa crista, descemos um pouco e logo subimos firme entre as caratuvas e bambus que fecham bastante a trilha, e essa é a reta final.
Bem, após 10 horas de caminhada no meu caso, conquisto a minha segunda montanha da serra do Ibitiraquire.
Cume Siririca
E pra finalizar, seguindo a trilha mais a frente você vai encontrar os dois defletores que ficam no alto do Siririca, essas grandes placas serviam para repetição de sinais de microondas instalados na década de 70 com o o objetivo de fazer enlace de rádio entre Curitiba e a Usina Parigot de Souza no outro lado da Serra do Mar, segundo que pesquisei elas não estão mais ativas.
São duas destas grandes placas que ficam uma de frente pra outra, e o local de acampamento do Siririca é na segunda placa pra quem e está chegando da trilha.
Essa trilha é super desafiadora pelo fato de ser muito longa e com muito sobe e desde, eu achei que essa trilha iria ser muito difícil tecnicamente, muita gente falou isso pra mim, mas não é difícil tecnicamente não, é apenas cansativa.
Mas não pense que por este comentário que fiz você vai fazer de boa, não mesmo, para fazer essa trilha precisa de bastante preparo físico, muita água, comida e paciência.
Abaixo uma galera de imagens que fiz no dia que fui e o vídeo completo sobre a trilha em meu canal do Youtube.
