Era janeiro de 2020, estávamos no inverno após a clássica nevasca de natal novaiorquina, estava muito frio, frio de congelar os dedos sem luvas, e foi isso que precisávamos comprar para ela, assim que eu a ví chegando vindo até nosso ponto de encontro, no Battery Park, eu como um bom fotógrafo, logo registrei em minha mente aquele cena, ela no centro dos meus olhos, caminhando em minha direção, toda de preto com um sobretudo branco, com botas estilo Beyonce, com os cabelos soltos e envolvendo seus ombros, com a cara séria e atenta as movimentadas ruas cheias de taxis amarelos passando em sua frente, e o cenário atrás mais para direita, os prédios altos do distrito de WallStreet, e lá no fundo como que uma peça colocada proposital, o gigante prédio do One World Trade center refletindo as vidraças espelhadas intensas e azuis…
Passei quase a minha vida toda sonhando em conhecer nova iorque, e eu jamais iria imaginar que logo quando tive a oportunidade de pisar neste lugar que me faz brilhar os olhos, eu ainda iria fazer meu coração bater mais forte, todas essas palavras até agora, embora pareça muito tempo, foi apenas um clique da minha fotografia mental que está guardada até hoje, e então, ela depois de longos 30 segundos, atravessou a rua e chegou até mim, eu, com a cara de bobo e feliz por ter visto aquela cena descrita anteriormente, nos cumprimentamos, nos abraçamos e nos conhecemos pela primeira vez, e aí após o encontro, já podemos voltamos ao frio e as luvas, lembram?logo aqui, no Battery Park havia um vendedor de gorros e luvas, compramos uma luva pra ela, eu já tinha uma que comprei na BH Photo, pagamos e saímos conversando sobre nosso roteiro turístico que eu iria levar ela pra conhecer em Nova Iorque, andamos pelo Battery Park, ficamos na grade perto do Rio Hudson para ver a estátua da liberdade de longe, esperamos a embarcação, chegamos até a ilha da Estátua da Liberdade, visitamos o local, tiramos fotos, e voltamos até manhattan, continuamos nossa jornada caminhando sentido a ponte do Brooklyn, e já eram umas três e tanto da tarde, o sol iria se pôr às quatro e meia, caminhamos mais um pouco e acreditem, ela ainda não tinha conseguido colocar a luva direito, a luva não era das melhores, claro, e ela tinha uma unha bem grande, os dedos não entravam direito, depois de ficar com a luva toda estranha na mão dela, o que foi engraçado, eu resolvi trocar com ela, a minha luva era melhor, e como bom cavalheiro “Ladies First”, e aí sim, a minha luva coube como uma luva nas mãos dela (é uma piada), e continuamos nossa caminhada de uns 25 minutos até a ponte do Brooklyn, caminhamos até a parte do piso de madeira da ponte, tirei algumas fotos dela na ponte, e logo o sol começou a ficar mais laranja se escondendo atrás dos arranha céus da bela skyline de manhattan, neste momento ficamos encostados na grande da ponte para não atrapalhas os fluxo das pessoas na ponte e também, para apreciar o sol se ponto, juntos, mais algumas fotos dela com sol atrás, e cada clique que eu fazia, ao olhar pela câmera, eu ficava mais apaixonado pela beleza dela com aquele cenário, meu lugar favorito desde que cheguei a ilha de manhattan, era a ponte do Brooklyn, eu me imaginava fazendo isso, atravessando essa ponte, e finalmente eu estava ali, realizando um sonho, e ainda mais, tendo um momento digno de um filme de Hollywood, por dentro, eu estava estupefato com tudo aquilo tudo acontecendo, alegria, nostalgia, paixão, mas isso, por dentro de mim, porque por fora, eu era o mesmo bobalhão de sempre, envergonhado, tímido à minha maneira, e com um pensamento de que todo mundo deve ter tido alguma vez na vida “será que ela gostou de mim?” eu tentando ler os sinais dela, e ela tentando ler os meus, e acredito que ninguém conseguiu ler nada naquele momento, eu mais uma vez parei a minha mente com uma cena logo que o sol estava quase desaparecendo atrás dos prédios, escrevi um roteiro em minha mente em que eu iria abraçá-la e beijá-la no lugar mais incrível do planeta pra mim, onde estavam as câmeras de hollywood neste momento que não vieram filmar essa cena? bem, por falta das câmeras, e também, por falta da minha atitude, essa cena foi cortada do meu filme imaginário.
Seguimos sentido a ilha de manhattan, caminhamos sentido Wall Street, onde ainda tinha muita decoração natalina, chegamos a uma praça cheia de árvores com luzes de natal, ali, pegamos um copo clássico do StarBucks, fizemos piada de fingimos estar atrasados como em todo filme americano, e eu também filmei ela caminhando por nova Iorque, bebendo um café de 12 dólares, “distraída” e fingindo que ninguém estava filmando ela, bem, essas brincadeiras, fizeram a gente ficar muito conectados, o nosso tour por nova Iorque estava melhor que imaginávamos, após isso, caminhamos um pouco mais, pegamos um metrô, e fomos para o lugar mais caótico e bonito de planeta, a Times Square, só entende essa definição quem já esteve lá, é uma mistura de “Uauuuu que lugar incrível” com “Me tirem logo daqui” bem, a Times Square nunca se vê escuridão, são tantas luzes, que parece de dia, as cores, telões, gente, pessoas fantasiadas, lojas, gente, gente, gente…. exploramos um pouco o lugar juntos, tirei várias fotos dela, conversamos e mesmo estando na Times Square, foi muito agradável, na medida do possível, claro.
Logo fomos beber algo no Planet Hollywood que é um bar temático que fica próximo a Times Square na rua 45, pagamos um bistrô, ela bebeu um drink e eu cerveja, não ficamos muito tempo lá, mas tempo o bastante para curtimos o bar, por vários momentos eu só ficava olhando pra ela enquanto falava, apenas para admirar sua beleza e companhia, mas lembrem, eu sou lento na arte de ler sinais do amor, seguindo, deixamos o bar e caminhamos para a rua 42 para pegar o metrô, eu precisava pegar uma encomenda que uma pessoa trazia de Boston, estava fazendo ainda mais frio por estar à noite, estávamos de gorro, luvas, roupas pesadas, mas achamos que o calor humano seria mais confortável, nos abraçamos e logo chegamos até a estação, entramos, esperamos, seguimos e algum tempo depois desembarcamos na estação de metro da rua 72 em Upper East Side, é uma estação bem profunda, talvez uma das mais profundas de manhattan, caminhamos um pouco e pegamos as escadas rolantes para subir, as escadas eram muito grandes, nós, que já estamos de mãos dadas e mesmo assim, acredito de ninguém estava convencido de tudo que estava acontecendo ate aquele momento, mas estávamos próximos a isso, a escada rolante era longa e demorada, e aí, ela virou pro meu lado, ela no degrau de cima, e eu no degrau de baixo da escada, ficamos da mesma altura neste momento, o tempo ficou em câmera lenta, e o sonho americano aconteceu, o filme, rodado pela minha mente, teve um final feliz e apaixonado, as bocas se tocaram e os corações se aqueceram, não havia mais ninguém pra gente naquela estação de metro com mil pessoas em nossa volta, até esse momento, eu tenho lembranças, claras e nítidas em minha mente, o beijo que deve ter durado 15 segundos, em meu filme mental, durou muito tempo, após aquele momento, meu espírito ficou leve, ficou em paz e ficou feliz, eu por um bom momento esqueci do propósito de estar naquela estação, e só queria curtir aquele momento incrível, chegamos até o final da escada rolante, liguei para pessoa que iria me entregar a encomenda, tivemos que descer tudo novamente, peguei o pacote que era para entregar para uma amiga no Brasil, e ficamos eu e ela abraçados e exalando paixão no profundo caótico metro debaixo de manhattan, já estava tarde, ela estava hospedada no Queens, claro, ela é uma também, eu, que não tenho aparência nem título de rei, estava hospedado em China Town, talvez o filme que estávamos estrelando era o “A Dama e o Vagabundo” mas mesmo estando em lados bem opostos, eu queria ficar mais um tempo com ela, peguei em sua mão, entramos no metrô e seguimos até o norte do Queens, caminhamos a noite mais um pouco até a casa que elas estava hospedada, ficamos na frente por alguns minutos trocando beijos e abraços e nos despedimos.
Voltei caminhando até a estação de metrô para fazer o caminho inverso, e neste momento me passou outra parte do filme da minha mente, onde eu era o cara que viveu todo aquele roteiro com final feliz, fazendo o caminho de volta, sozinho, na escuridão, apenas com a baixa iluminação das ruas de Nova Iorque, cantarolando, dançando com os postes da rua, e feliz, essa parte do filme eram os créditos subindo com uma trilha sonora estilo Frank Sinatra… “Pan Pan, Pan ra ran”
"I want to wake up in a city, That never sleeps, And find I'm king of the hill, Top of the heap"
E para que no final o sentimento fique com ar de felicidade, mesmo não podendo mais ver-la depois, o filme acaba aqui. (Ouça a música abaixo)
The End
Desculpem erros, escrevi da minha maneira 🙂